Thangka, arte do Budismo Tibetano
O ESTUDO de Thangka inicia-se com o desenho das proporções, repetindo-os com a ideia de realmente pertencer à ideia interna na mente. Tradicionalmente a pintura é passada depois de todo o desenho ser conhecido e fluido. Nos cursos de introdução Tiffani apresenta em 2 dias um pouco de todos os métodos: o desenho (geralmente a só a face do Buda, ou Tara) e a pintura com acrilico ou guache. Em cursos mais longos como de 6 dias, é possível fazer o mesmo mas do corpo inteiro de Buda ou um bodisatva não muito complexo. Em 14 dias já é possível apresentar a forma tradicional de manufaturar a propria tela e fazer uso misto de pigmentos naturais com cola organica. Quanto mais tempo, o ingrediente essencial para essa arte, mais se aprende :)
Os cursos então podem ser organizados em:
- Palestra de 1h e meia sobre A Arte Sacra do Tibet
- 1 a 2 dias os Oito Simbolos Auspiciosos, o Animais Místicos do Tibet, Introdução à Pintura decorativa.
- 2 dias para desenho e pintura da face do Buda, ou um dos 5 Dhiany Budas, ou Tara, ou Chenrezig, ou Buda da Medicina,
- 5 a 7 dias full para desenho e pintura da imagem do Buda de corpo inteiro ou das mesmas deidades citadas acima
- 10 dias para fazer a imagem completa em uma tela tradicional manufaturada pelos alunos com o material original (gesso cre e cola de coelho) e pigmentos minerais com essenciais medicinais.
Para organizar uma aula, entre em contato com artistaperegrina@gmail.com
Breve Introdução
Traduzindo a palavra tibetana thang-ka, ela significa ‘superfície branca de se enrolar’. Thangka é uma arte religiosa que budistas usam para ilustrar deidades, mandalas e figuras históricas. São expostas nos templos em forma de telas e murais e nos altares das pessoas como um artigo de apoio à sua meditação.
Os tibetanos, por serem um povo nômade, tem como suas moradas, tendas amarradas com cordas feitas de cabelo de yak (Um típico boi peludo da região), feitas para serem montadas e desmontadas em um dia e carregadas para pastos mais vivos entre as trocas das estações. Quando o budismo chegou no Tibete através do yogui indiano Guru Padmasambhava (ou também Guru Rimpoche) no século VIII, o budismo era mantido pela comunidade monástica, responsável em educar os nômades, que por sua vez, não sabiam ler e escrever. O desenho e a pintura era a forma principal de passar os ensinamentos de Buda, ou o dharma. A arte tibetana é altamente detalhada e muito ilustrativa, como um livro infantil – e em suas representações estão dês de historia de mestres até complexos estados psíquicos e esotéricos, como é a imagem da Roda da Vida e os mandalas.
Então os lamas, como são chamados os professores do budismo tibetano, ou vajrayana, em seus tours pelo platô dos Himalayas, levavam os thangkas enrolados e guardados em tubos, que eram desenrolados e pendurados nas tendas-templo temporárias para servir de suporte para seus ensinamentos. Dai que surgem a necessidade de detalhes e cores vivas, para que todos pudessem ver, entender e serem atraídos ao estudo de tudo que aquela arte tão colorida e magnífica remetia. Essa característica é acentuada no Tibete, porem no Japão, a arte zen, mesmo tomada dos mesmos ensinamentos do Buda, já carrega um outro estilo e até foca em um outro aspecto do mesmo ensinamento. Vemos isso em cada país que o budismo se desenvolveu, da Tailândia, à China, Índia e Mongólia – a arte no budismo, tomou suas singulares características de estilos conforme a cultura, a mentalidade e as condições de cada país.
Aqui os deuses não são vistos como criadores do universo, ou nem mesmo deuses em que os seres humanos temem e devem favores. Os deuses, ou as deidades como também são referidas, podem ser vistas como arquétipos da mente de Buda, o iluminado. E todos eles são considerados bodhisatvas, que se comprometeram a ajudar todos os seres a se libertar do ciclo de sofrimento. Por exemplo, Chenrezig é o aspecto de compaixão. Manjushri e Prajnaparamita, de sabedoria, Tara de proteção e Vajrasatva de purificação. O propósito de dar a forma ao sagrado serve para certas técnicas da meditação tântrica em que se usa a imagem para identificar-se com seu próprio aspecto iluminado. Quando contemplamos uma deidade especifica, estudamos mais a fundo cada característica que ela representa para que a semente desses aspectos, germine dentro de nossas mentes e manifeste como nossa própria natureza iluminada. Humanizamos o divino com o poder transfigurador que temos de produzir a forma através da arte, mas em suma a essência última das deidades, é na realidade, uma energia independente e sem forma alguma. A forma é dada apenas para nos auxiliar na visualização e identificação com o aspecto iluminado de cada uma delas.
Por essa razão, cada uma das deidades possui medidas geométricas restritas, em que forma, cor e atributos, são como códigos de um alfabeto sofisticado, em que acessam nossa mente para despertar um sentido especifico. Assim como quando batemos os olhos em um logotipo de uma marca famosa, nossa mente é diretamente remetida ao sentido daquilo. Por isso que a forma não pode ser alterada, pois muda a intenção e por fim a mensagem. Os artistas dessa arte sacra, são treinados para decorar toda a simbologia e repetir inúmeras vezes cada desenho que é passado por mestres de geração em geração.
Por fim, devemos notar que, por exemplo, a imagem do Buda, não segue sua anatomia ‘mundana’ e sim, sua anatomia espiritual e simbólica, aquela que nos recorda seus valores internos. Por isso refazemos nossa ideia estética e voltamos nosso olhar aos códigos do dharma.